sábado, 1 de dezembro de 2012

NEGRO É INFERIOR? ÍNDIOS E CABOCLOS TAMBÉM?

Isso é inaceitável! Já não basta o péssimo exemplo que Hitler deixou ao mundo? Que esses mestres iludidos da união do vegetal expliquem num tribunal e para o homem da capa preta que pertencer as raças negro, caboclo e índio é ser um Ser Espiritualmente Inferior. Não foi atoa que existe passagens que contam que onde Gabriel (UDV) tentou desmerecer o mestre Irineu para um de seus discípulos. Mestre Gabriel fundador da UDV tocou botequim vendendo cachaça, tabaco, pedra de isqueiro etc.. Ingeria bebida alcoólica e fumava charutos como qualquer um dos piões fregueses que ali frequentava.
A verdade da pesquisa histórica sobre o mestre Gabriel, realizada pelo historiador Marcelo Borges, revela um homem preconceituoso, racista, desprovido de cultura e sabedoria, e ainda portador de um tremendo complexo de superioridade manifestada em escritas e gravações pessoais... Tudo bem o oposto do que ensina a UDV para a exploração religiosa.

Eis algumas das apurações da pesquisa histórica ... Contra fatos não há argumentos!

José Gabriel da Costa, o tal mestre Gabriel que fundou a união do vegetal foi um homem saiu da baia fugido da polícia, e na fuga se sujeitou ao trabalho escravo nas suntas (seringais) frequentou terreiros de macumba que degolavam animais para sacrifícios de sangue, meio que plagiou a historia da criação do espiritismo bem como os contos do Incas, viveu em devaneios mentais absurdos e surtos, afirmando ser encarnações de grandes celebridades como Adão(pai da humanidade), como Jó(o rei da paciência), como Caiano sacerdote mor do rei salomão e por fim: a encarnação do próprio sol( a estrela que forma nosso sistema solar), e também foi ele quem apresentou a ayahuasca ao mundo! E como se isso já não fosse o bastante, Gabriel também dá a entender que na santíssima trindade, PAI FILHO E ESPIRITO SANTO ele é um dos três!
Nossa, o dependente químico do padrinho sebastião que traiu o mestre Irineu ao menos usava drogas para ser um iludido e louco, já o Gabriel da UDV nem de drogas precisou, pois foi a droga de si mesmo. Não foi atoa que terminou abandonado num hospital convencional de Brasília DF onde morreu e
foi enterrado como indigente num cemitério público... E como indigente ficou enterrado ainda por dois meses antes que dessem por sua falta!
Conheci ao longo destes 9 anos mestres da união do vegetal que usavam LSD em quantidade, bem como filhos desses pseudos mestres perdidos na maconha e demais drogas.
Ao tomar conhecimentos de atos criminosos da união do vegetal e mesmo crimes por parte pessoas que lá eram mestres, não me decepcionei tanto, já que a raíz da udv (o Gabriel) andava a beira da loucura ( tal qual registrou uma reportagem na época em Rondônia). Mas de todas as insanidades e devaneios e porcarias perpetuada pela união do vegetal os Crimes de RACISMO são os que considero mais graves e desprezíveis...
Através da pesquisa acadêmica que culminou nos fatos históricos levantados sobre a negra face da udv e seu mestre Gabriel, agora expostas no livro fundamentadíssimo que escreveu o historiador Marcelo Borges, o Brasil, o Mundo e principalmente as autoridades brasileiras tomarão conhecimento... E que tudo termine num tribunal, pois será lá o local perfeito de se apresentar todos os fatos que foram levantados após décadas de pesquisas.
Estamos encaminhando para as autoridades brasileiras a
denuncia judicialmente formalizada sobre o RACISMO na UDV.
Segue abaixo o vídeo gravado recentemente pelo historiador Marcelo Borges onde ele relata esses absurdos mantidos até hoje pelo união do vegetal fundado pelo frustrado e insano José Gabriel da Costa e seguido por uns gatos pingados de mestres iludidos. E segue também a Carta Aberta Oficial:
O Racismo da União do Vegetal.          
                          
 
Xamã Gideon dos Lakotas
CARTA ABERTA
O Racismo da União do Vegetal
Marcelo Henrique Ribeiro Borges[1]
O racismo é uma prática doentia e criminosa.
Atos horrendos de intolerância e desrespeito já foram perpetrados em nossa história motivados por formas de pensamento racistas. O extermínio dos corpos físicos é antecedido pela violência emocional e psicológica, primeiro agredindo os membros dos grupos étnicos perseguidos de modo sutil e subliminar, para posteriormente estabelecer estruturas rígidas de segregação e coação social. Atualmente existem sérias questões postas ao debate na sociedade brasileira a este respeito, a par da conquista de valorosos direitos alcançados nos últimos anos, as formas de atuação de grupos racistas comumente mantêm-se de forma velada e disfarçada, porém aplicam-se no interior de suas organizações a frieza e crueldade das formas de pensamento racista.
Ao tecer uma pesquisa sobre a “História da Ayahuasca no Brasil”, deparei-me com a existência de uma doutrina racista no interior de uma comunidade centrada no Rito de Comunhão da Ayahuasca. Os fatos são complexos e mereceram dez (10) anos de investigação, colhendo fontes de documentos orais relativos ao campo doutrinário da organização identificada como “União do Vegetal”, fundada por José Gabriel da Costa em 1961.
A pesquisa tornou-se pública em julho de 2012 com o lançamento do livro de minha autoria:“História da Ayahuasca no Brasil: um estudo ontológico sobre as fronteiras da travessia humana com o suprassensível”. O tema do livro não se restringe apenas ao caso da União do Vegetal, mas dentro do Capítulo VI (páginas 361 a 475) abordamos a questão com a devida seriedade que ela exige, expondo o centro ideológico da doutrina racista de eugenia. Exporemos de modo sucinto nesta Carta Aberta os principais elementos que compõe da doutrina de racismo da União do Vegetal, todavia, orientamos que a pesquisa deve ser complementada com a leitura integral do trabalho publicado no livro, uma vez que a escrita apresenta-se fundamentada com um eixo argumentativo dentro do arcabouço doutrinário.
São dois pontos centrais que fundam o racismo da União do Vegetal, o primeiro relaciona-se com a visão de inferioridade dos povos ameríndios na própria comunhão ancestral da Ayahuasca. O segundo diz respeito à pretensa origem inferior e negativa dos povos e indivíduos de epiderme escura a partir de sua origem ser determinada pela rebeldia de “Lúcifer” e ódio de “Caim”. Ao se tratar de argumentos no campo do imaginário religioso, somos obrigados a apresentar os argumentos na ordem destes mesmos termos.
Estas duas premissas de discriminação e racismo estão fundamentadas em duas histórias contadas por José Gabriel da Costa, o mestre fundador da União do Vegetal: a“História da Hoasca” e a “História da Criação”. A primeira história situa-se naquilo que é compreendido como a “grande revelação” do Mestre Gabriel, ele mesmo o mensageiro de Deus responsável em implantar na Terra a própria Ayahuasca em tempos imemoriáveis, antediluvianos, conforme está narrado no livro na página 379:
“A premissa da doutrina nasce por revelação das “recordações do mestre”,quando Gabriel teria se recordado de vidas antepassadas, sempre na forma de um enviado divino, indo até um reino mítico cujo soberano se chamava “Inca”: neste reino aconteceram milagres causadores do surgimento das plantas sagradas, o cipó e a folha, mas somente após o “dilúvio universal” – com é dito pela doutrina – a Ayahuasca foi feita pela primeira vez pelo lendário Rei Salomão, que serviu o primeiro cálice à “Caiano”, o “primeiro hoasqueiro”, uma encarnação passada de Gabriel, quando este adquiriu o “grau de mestre”. Assim sendo, a doutrina postula que ‘Mestre Caiano’ foi o primeiro ser vivente na Terra que comungou a bebida sacramental, sendo dele a realeza de todo o legado posterior…por isso é o “mestre superior” e nesta ocasião a “União do Vegetal” foi criada na Terra. No entanto, a lenda diz que por alguns motivos, após ‘Mestre Caiano’instalar sua doutrina, a Ayahuasca ficou “esquecida”, quando então o “poder superior” ordena que o mesmo voltasse à Terra para “restaurar o Vegetal”,reencarnando com o nome de “Iagora” em meio aos índios no Peru, àquele que teria reconhecido as plantas e ensinado toda a tradição da Ayahuasca à todos os povos do mundo, ao passo que também contava a antiga história do “Rei Inca”…por isso o reinado do lugar teria recebido este nome… o reino do Inca… o “Reino Inca”. No decorrer dos acontecimentos, ‘Mestre Iagora’ teria sido assassinado pelos discípulos por causa de riquezas materiais, quando este se negava a dizer o local de uma “mina de ouro”, após este fato teriam nascido os “mestres da curiosidade”, bebendo o Vegetal sem a doutrina e contaminados pela raiva e cobiça. Tempos depois… o mesmo mestre retorna ao Brasil, nascendo em “Coração de Maria”: Mestre Gabriel, o autor da União do Vegetal.
Em nosso livro publicamos a íntegra da “História da Hoasca”, do mesmo modo dispusemos a narrativa contada na voz do próprio fundador, que atribuiu a si próprio o legado de ter ensinado o conhecimento sobre a Ayahuasca a todas as civilizações ancestrais da Cordilheira dos Andes e da Amazônia, assim os xamãs, pajés e caboclos são considerados “mestres da curiosidade” que teriam surgido após o degolamento de Iagora, pois começaram a beber o “chá” sem a orientação da União do Vegetal: sem sabedoria e apenas por diversão ou curiosidade: era o “cinema de índio”. Sendo assim, observamos claramente a presença de um discurso discriminatório e preconceituoso na doutrina implantada por José Gabriel da Costa, uma espécie de “etnocentrismo religioso”, fato que expressa claramente os objetivos de domínio do mundo pela organização, apresentado no arcabouço do livro “História da Ayahuasca no Brasil”. Uma contradição tácita, pois realizam a comunhão de um sacramento de tradição indígena e a partir do estado de consciência ampliado promovido pelo sacramento, disseminam uma doutrina que desqualifica todas as heranças culturais das nações ancestrais da América de pele vermelha.
Entretanto, apenas por esta lenda não será suficiente para desvendarmos o campo doutrinário do racismo, por isso completamos a exposição com a “História da Criação” que apresenta diretamente o viés narrativo de origem maligna dos povos e indivíduos de epiderme escura. Conforme está posto na página 454 do livro “História da Ayahuasca no Brasil”, a “História da Criação” é uma narrativa restrita ao“Corpo Instrutivo” e ainda assim costuma ser retida por um tempo desde a iniciação dos discípulos. Não obstante, toda a doutrina de Mestre Gabriel é alicerçada pela cosmovisão da “História da Criação”, inclusive a própria“História da Hoasca” só pode ser compreendida plenamente a partir da correlação destes ensinos. A fim de evitarmos qualquer mal-entendido a respeito do tema, a narrativa do mito de matriz racista será exposta nesta Carta Aberta conforme consta em nossas fontes de pesquisa: uma gravação aprovada em Sessão do “Quadro de Mestre Antigo”, realizada dia 17 de abril de 1987, no “Núcleo Mestre Rubens”em Jarú, Rondônia. O “Quadro de Mestre Antigo” é comumente é identificado“Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel”, formado por discípulos de José Gabriel da Costa que foram diretamente aprovados por ele ao “grau de mestre”.
História da Criação aprovada pelo ‘Quadro de Mestre Antigo’ em Sessão realizada em 17 de abril de 1987 no núcleo Mestre Rubens, em Jarú- Rondônia.
No princípio de tudo só existia o universo e três “luiz” formando a Trindade: Pivô da Natureza, Jean Bangulê e Luiz Bela. Luiz Bela tinha o nome de Luiz Bela porque entre as outras ‘luiz’,ela se destacava a mais bela. Luiz Bela recebeu a autorização das outras ‘luiz’pra criar anjos: de um até nove anjos por minuto. Ela tinha um ramalhete e colocava aquele ramalhete em uma água, e de cada pingo daquela água que se desprendia, surgia um anjo, uma vida. Depois Luiz Bela se envaideceu achando que deveria criar mais anjos do que aquela quantidade que lhe havia sido autorizada. Quando iniciou criando mais anjos, as outras ‘luiz’ chamaram ela para não proceder daquela maneira, pois a autorização que ela tinha era para criar de um até nove anjos por minuto. Aí ela rebelou-se contra as outras ‘luiz’,porque ela era a luz que tinha o poder de criar anjos e chegou a criar até trezentos e sessenta e três anjos por minuto. Chegou a criar grandes legiões de anjos. E por ela não ter obedecido as outras ‘luiz’, foi transformada de Luiz Bela para Luiz Bel, e foi retirada da Trindade ficando a Divindade, formada pelas Luiz Jean Bangulê e Pivô da Natureza. Luiz Bel foi colocada no espaço onde não tinha ‘luiz’ com todos aqueles anjos que ela criou por conta própria. Jean Bangulê viu que aqueles anjos não tinham nenhuma culpa por terem sido criados. Pediu ao Pivô, a Natureza: “Senhor, há de ser criado um lugar onde esses anjos possam vir à ‘luiz’…”. Quando fez o pedido, o Pivô da Natureza disse: “É tu o Autor do Conselho e também das Trevas”. Com essas palavras, Jean Bangulê recebeu a transformação pra Autor do Conselho e também das Trevas. Com a palavra “É tu o Autor do Conselho e também das Trevas” houve a autorização pro início da criação do lugar pros anjos. O ar se condensou em grandes camadas, formando a terra e depois de pronta, recebeu o nome de “Chão”.Aí veio o Autor das Trevas a habitar, primeiro ser vivente que chegou a esse lugar. Com a vinda do Autor das Trevas, Luiz Bel recebeu uma transformação de Luiz Bel pra Lúcifer. O Autor das Trevas formou do pó da Terra uma estátua no formato de um homem. Depois de pronta, pôs a estátua de pé e disse: “DE PÉ SOU A DÃO”. Com a palavra “DÃO’, andou… De onde nasceu a palavra “pessoa”: “de pé-sou-a dão. Depois viu que pra sua missão necessitava de uma companheira. Adão adormeceu, o poder tirou de si uma costela, formou uma mulher e deu-lhe o nome de Eva. Tiveram diversos filhos: Caim, Abel, Genoveva, Abreu, Rebeca, Bicelona e Sete. Caim era lavrador, cuidava da lavoura. Abel era pastor, cuidava de ovelhas. Abel era um bom filho e por isso Caim achava que seu pai era mais dedicado a Abel. Por esse motivo, Caim sentiu inveja de Abel e com um pedaço de osso de animal, que já existia, assassinou o irmão. O sangue de Abel manchou lhe as mãos e aquela mancha foi se estendendo pelo corpo todo e com pouco tempo estava com a cor negra. Ficou envergonhado de vir na presença do Pai Adão, pelo que tinha feito, mas veio. Quando chegou, a sentença que o Pai Adão lhe deu, foi lhe entregar a irmã Genoveva e mandou que ele se afastasse da família. Daí então foi viver nas montanhas, dando origem aos caboclos bravos das florestas. Adão quando estava em pessoa na Terra, o claro que existia era o dele. O reflexo de sua ‘luiz’, clareava na região em que vivia. Depois do desencarnamento, Adão subiu pro Astral Superior de onde o Autor das Trevas está nos clareando, que conhecemos como Sol. Com o desencarnamento de Eva, ela subiu pro Astral Resplandecente de onde recebe o reflexo da ‘luiz’ do Sol e resplandece e hoje conhecemos como Lua.
Este é o mito fundante da doutrina de José Gabriel da Costa, o epicentro do racismo da União do Vegetal, que pela primeira vez ocupou espaço nas páginas de um livro de história. Este procedimento se fez necessário devido ao caráter que ele apresenta, pois em sua mensagem uma doutrina racista é implantada à sombra da lei e de qualquer princípio humano. Indo além do simples mito de superioridade da União do Vegetal e primazia de seu mestre fundador, a doutrina apregoa claramente uma suposta inferioridade por parte das pessoas de pele escura, eis o grande “segredo” dos “mistérios” que cercam a União do Vegetal. Uma aberração posta à contemporaneidade, que abomina através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, qualquer forma de racismo e segregação étnica, portanto um crime classificado como hediondo pela Carta Magna da República Federativa do Brasil.
Ao analisarmos o fragmento do mito que tece a narrativa sobre a origem dos “filhos de Caim”,identificamos a matriz racista:
O sangue de Abel manchou lhe as mãos e aquela mancha foi se estendendo pelo corpo todo e com pouco tempo estava com a cor negra. Ficou envergonhado de vir na presença do pai Adão, pelo que tinha feito, mas veio. Quando chegou, a sentença que o pai Adão lhe deu, foi lhe entregar a irmã Genoveva e mandou que ele se afastasse da família. Daí então foi viver nas montanhas, dando origem aos caboclos bravos das florestas.
Num momento crucial da gravação, tentaram literalmente cortar a parte que anunciava a doutrina racista: “manchou lhe as mãos”, no entanto, seja lá quem tentou fraudar esta passagem, falhou em técnica, permanecendo a gravação de modo intacto, mesmo que em voz baixa, de tal forma orientamos aos leitores que verifiquem no arquivo de áudio e constatem por vossas próprias experiências. Este fato denota a consciência que o grupo tem da gravidade da doutrina, pois tentaram ocultar o fator de maior preponderância para que seus segredos não fossem abertos ao público. A doutrina posta desta forma jamais é transmitida abertamente dentro das“Sessões de Escala”, o processo de aliciamento ocorre aos poucos, primeiro“preparando a memória” dos discípulos, depois incutindo medo sobre punições sobrenaturais que recaem sobre os “rebeldes” que deixam vazar os“mistérios”, até se firmar um pacto de silêncio antes da “História da Criação”ser revelada. Mesmo sem concordar com a doutrina, os discípulos que ao longo da história se afastaram das organizações identificadas como “União do Vegetal”,preferiram se calar e permanecer em isolamento, tal foram os métodos de domínio e controle implantados durante as doutrinações com o Vegetal.
Uma única exceção se apresentou no rol de omissões e sentenças, esta veio pela voz de um médico psiquiatra, seu nome é Luiz Carlos Pimentel Alves e seu trabalho teve o objetivo de publicar a “A Criação do Universo pela Religião da Hoasca”,um livro de vertente religiosa. Citamos esta obra apenas por ser outra referência que corrobora com a versão do mito da criação apresentado em nosso trabalho (ALVES, 2007: 52-55).
O fato está consumado.
A pesquisa levantou duas fontes de narrativa sobre a “História da Criação” pela União do Vegetal, as duas narrativas apresentam a explicação de que um crime fez surgir a primeira pessoa de “cor negra” ou “cor preta”: Caim, visto como um assassino invejoso e enciumado, seus filhos seriam os “caboclos bravos das florestas”. A história ainda apresenta duas perspectivas de reflexão, a primeira diz respeito à geração da “Trindade”, pois num plano inicial a “Luiz Bela” estava criando os“anjos” dentro da “obediência”: nove por minuto. Estes anjos criados permaneceram na “luz”, encarnando como uma linhagem de filhos obedientes de Adão, claros e puros. Os demais “anjos” criados foram filhos da desobediência, portanto são filhos da rebeldia de Lúcifer e ódio de Caim, por isso estes deveriam passar pelo processo de evolução espiritual, necessitando “limpar as trevas do coração”: nasceriam primeiramente como animais e depois como pessoas humanas. Sendo espíritos inferiores, a doutrina de José Gabriel da Costa ensina que primeiro encarnariam com a mancha do pecado de Caim na pele, ou seja, com a pele escura pelas trevas, após o processo evolutivo de “purificação” através da dor e do sofrimento, receberiam gradativamente a “luz no coração”, clareando a cor da pele.
Esta doutrina aplica-se na perspectiva de “purificação” da humanidade pelo branqueamento da epiderme. Acredita-se que os espíritos inferiores e malignos nascem com as“trevas no coração”, representadas por uma pele escura; enquanto os espíritos superiores e benignos nascem com a “luz no coração”, representada por uma pela clara: assim cada geração deveria se esforçar por clarear a pele de seus filhos, eliminando da Terra toda forma de trevas e escuridão, pois quanto mais branca é uma pessoa, mais pura ela seria… Tal preceito aplicado às questões étnico-raciais é classificado como EUGENIA: uma forma de pensamento criminoso que produziu barbáries na história humana, de modo mais recente teve sua aplicação durante o regime nazista de Adolf Hitler a partir das “Leis de Nuremberg”.
O absurdo de um pensamento como este se manifestar no Brasil representa uma negação sobre toda a história cultural de miscigenação, sincretismo e hibridismo. A maior contradição ainda se aplica a outras duas questões sobrepostas: a doutrina racista de eugenia nascer pela obra de um baiano de pele escura e ainda fazendo uso da Ayahuasca, um sacramento indígena, para sua difusão e doutrinação. Mas sem se furtar à explicação dos “fatos”, José Gabriel da Costa dizia que sua manifestação através desta forma era no “cumprimento de uma missão”, pois veio justamente entre as “trevas” para trazer a “luz”, nasceu com a pele escura para servir de exemplo a todos… para que ninguém duvidasse de sua palavra, uma vez que se fosse ao contrário, o “grande ensino da pureza” poderia sofrer rejeição, isto caso sua pele fosse clara.
Estas são as principais considerações sobre a doutrina racista da União do Vegetal, através do livro “História da Ayahuasca no Brasil: um estudo ontológico sobre as fronteiras da travessia humana com o suprassensível” todos os leitores interessados no tema poderão identificar todos os eixos de argumentação e conduta que acompanham o mito da criação por José Gabriel da Costa. De fato, identificamos no decorrer desta pesquisa, que o sacramento ancestral tem sido usado nesta vertente para a propagação de uma doutrina racista com preceitos de eugenia. O ideal de beleza e perfeição da cor de pele branca assumiu patamares tão fortes no imaginário de José Gabriel da Costa, que sua “profecia” sobre seu retorno inclui no repertório de poderes, a encarnação num “corpo puro”, sem manchas, nem véus, daí o “mistério” do nome JACINTO LUZ TABOA: “já sinto que a luz está boa”… ou seja: um rei de pele branca para o Brasil. No estudo ontológico sobre a condição humana do ser em si, identificamos os fortes sinais de um ideal de superioridade por quem atravessara grandes dificuldades e angústias de existência, seja como jovem apartado da família em Salvador, fugitivo da polícia, escravo nos seringais, trabalhador explorado, pai de família carente, negro discriminado e… por fim, paciente em estado terminal.
Alguns colaboradores desta pesquisa, por vezes ponderaram se a exposição de todas estas questões não poderia “depor contra a própria Ayahuasca”, considerando todos os problemas existentes ainda de graves dimensões na sociedade… contudo, nossa responsabilidade perante o conhecimento se afirmou mais alta do que qualquer outra conjectura. Quando iniciamos a investigação, nem imaginávamos que alcançaríamos uma reflexão tão profunda e que os “segredos e mistérios” da União do Vegetal seriam tão sérios, por diversas vezes também ponderamos sobre a possibilidade de alteração do foco de pesquisa ou mesmo desistência do trabalho, mas novamente a voz da responsabilidade histórica falou mais alto em nossa consciência. O ponto central de nossa reflexão concentrou-se no fato único de que, até o presente momento, apenas esta pesquisa concatenou todo este corolário em um único trabalho, então por uma questão de justiça em amor à sabedoria, decidimos torná-lo público.
Tampouco consideramos que a exposição de questões como estas podem vir a “depor contra a Ayahuasca”, pois a bebida sacramental nada tem a ver com o imaginário de quem a ingere, muito menos com a conduta que desempenham. O caso da doutrina racista deve ser analisado com toda a seriedade que o tema exige, inclusive pelos responsáveis constituídos na letra da lei para assegurar o cumprimento da Carta Magna em respeito a todos os cidadãos deste país, princípio expresso no Estatuto da Igualdade Racial e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os elementos componentes da doutrina foram expostos em sua íntegra, todos baseados em fontes advindas da própria União do Vegetal, aos discípulos que tem em seu ato de fé os valores estudados, deixamos o nosso trabalho como ponto de reflexão, sabendo que somente a partir da“Edição Final” poderemos dar um retorno aos anseios e críticas que se apresentarem. Ressaltamos que temos a plena consciência da seriedade das questões postas e ainda desafiamos qualquer pesquisador a identificar qualquer tipo de fraude ou manipulação tendenciosa em nosso ofício de historiar o passado, todas crônicas apresentadas foram acompanhadas por fontes primárias ou secundárias, sejam elas referências bibliográficas, depoimentos da tradição oral ou o próprio arcabouço doutrinário coletado em nossa pesquisa de campo.
Por fim, esclareço às autoridades públicas e dirigentes de movimentos da sociedade civil organizada, que desde o mês de junho de 2012 temos este tema exposto em nosso espaço virtual, do mesmo modo o livro está publicado desde julho deste mesmo ano, todavia até o presente momento não registramos nenhum posicionamento formal da organização responsável pela disseminação da doutrina racista de eugenia: o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. É de se estranhar que uma organização com tentáculos até no exterior, não se veja obrigada a responder um tema de tão vultosa polêmica. Não obstante, já no ano de 2010, durante uma Audiência Pública realizada na “Comissão de Combate ao Crime Organizado” da Câmara dos Deputados, o tema do racismo entre “comunidades ayahuasqueiras”havia sido levantado por minha própria pessoa. Portanto, identificamos neste silêncio tácito, uma forma covarde de negação do debate a fim de evitar que a questão seja levada ao conhecimento das autoridades públicas do Estado brasileiro.
De tal forma, perante toda a nação brasileira, na condição de autor do livro e da denúncia sobre o racismo da União do Vegetal, reafirmo minha inteira responsabilidade sobre este processo, estando à disposição de todas as autoridades competentes do Estado, bem como dos movimentos sociais interessados em debater a questão. A doutrina é objetiva quanto à origem maligna dos povos e indivíduos de epiderme escura, logo, a conduta dos membros destas organizações não é pautada por uma prática de respeito e tolerância, todavia o processo de lavagem cerebral aplicado aos discípulos os faz agir de modo temeroso e atormentado, mesmo quando afastados da União do Vegetal, fato que exige uma profunda e eficaz investigação pelo Ministério Público Federal e demais forças competentes do Estado.
Estas são as minhas palavras nestes momentos. Todos aqueles que apresentarem alguma dúvida ou discordância dos temas expostos nesta pesquisa, seja em nosso espaço virtual, canal do “youtube” ou no próprio livro, que apresentem tais questões com a mesma seriedade que apresento, honrando seu nome e se identificando conforme os preceitos legais da legislação nacional. Tentativas de intimidação, calúnia, difamação e ameaças, já são vistas apenas como ações de mentes tacanhas e covardes. Que o esclarecimento da verdade prevaleça pelo ideário do nascimento de uma nova sociedade, mais humana e fraterna: por este sonho entrego a minha vida.
Goiânia, 27 de novembro de 2012
Marcelo Henrique Ribeiro Borges